quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Senta a Pua!

Ruy, mano:
Em 2003, a Editora Zit publicou um livro meu, Bandeiras que contam histórias.  Nele eu apresentava as bandeiras históricas de Portugal (até 1822) e do Brasil e as insígnias das Forças Armadas brasileiras, entre elas o Republic P-47 Thunderbolt do 1º Grupo de Caças da FAB, com o famoso emblema do Senta a pua!   
Pois bem, até junho deste ano teremos uma nova edição dele, mais alentada, incorporando bandeiras e brasões estaduais.  Aí vai a página em que o P-47 aparece.
 

No livro, consta também o Consolidated PBY Catalina, em que o Capitão Alberto Torres afundou o U-199 nas costas do Rio de Janeiro.  Aliás, o Alberto Torres bem merecia uma biografia em O Front.  Além de ser o único piloto brasileiro a afundar um submarino alemão, foi também o piloto com mais missões nos céus da Itália.
E vamos em frente com O Front!
Abração,
JG

 
Senta a púa !!!

 
Senta a Pua! é o símbolo e grito de guerra do 1º Grupo de Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira (FAB), tendo suas origens na Segunda Guerra Mundial.

O símbolo foi criado pelo então Capitão Aviador, depois Major-Brigadeiro Fortunato Câmara de Oliveira, Comandante da Esquadrilha Azul, e todos os elementos do símbolo tem uma explicaçao:

- Faixa externa verde-amarela - o Brasil
- Quepe do avestruz - piloto da Força Aérea Brasileira
- Escudo - a robustez do avião P-47 Thunderbolt e proteção ao piloto.
- Fundo azul e estrelas - o céu do Brasil com o Cruzeiro do Sul
- Pistola - poder de fogo do avião P-47 Thunderbolt
- Nuvem - o espaço aéreo
- Fumaça e estilhaços - a artilharia antiaérea inimiga
- Fundo vermelho - o sangue derramado pelos pilotos na guerra

O avestruz, simbolo maior do Senta a Pua é um caso a parte, que merece uma explicação mais detalhada. Abaixo, reproduzimos o depoimento do seu próprio criador, o Major-Brigadeiro Fortunato Câmara de Oliveira:


"....E lá em Nova York era aquele bando de gente com aquele quepe branco, pareciam mesmo avestruzes, e ainda por cima comendo as coisas mais disparatadas para o brasileiro: feijão com açúcar, leite em pó, café ralo parecendo um chá ... Nós comíamos aquilo, e só mesmo um estômago de avestruz para aguentar a dieta. Bom, isso é só uma introdução para dizer que durante a viagem no Colombie alguém disse: “Nós precisamos bolar o nosso símbolo”, e na discussão, disseram: “A coisa que mais nos caracteriza aqui é o fato de nós sermos ‘avestruzes', comendo essas coisas”.

Todos acharam uma boa idéia, e ficou a pergunta: “Quem é mais parecido com avestruz aqui?”. “O Lima Mendes”, concordou o grupo. Aí eu pedi para o Lima Mendes pousar um pouquinho, fiz a caricatura dele, depois adaptei a cara do avestruz e acrescentei as cores , tudo com um significado especial. Então veio o termo ‘SENTA A PUA' , trazido pelo Tenente Rui Moreira Lima. ‘Senta a pua' era um termo do Norte, e o comandante dele chamado Capitão Firmino, mais conhecido como Firmino da Paraíba, toda vez que ia entrar em ação, fazer alguma coisa, dizia: “Senta a Pua!”. O Rui sugeriu: “Que tal ‘Senta a Pua'?” e todos concordamos.

Estávamos ao redor de uma mesinha no navio: eu, Lima Mendes, Rui, o Meira - se não me engano - então eu desenhei o símbolo. Tem a nuvem, que é o chão do avião, o vermelho que é o céu de guerra, o escudo que representa o cruzeiro do sul ... Armei o avestruz com uma pistola que era o “tiro”, depois botei o quepe. Quando nós entramos em combate e começamos a ‘levar tiro' dos alemães, fizemos mais um “flak” (explosão) estourando perto do avestruz. É essa a história do ‘Senta a Pua': muito simples e eu acho que engraçada também... bem humorada. ”

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