sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

GOVERNO VETA COPA DO MUNDO

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Pessoal:
Repasso conscientemente, até porque o tempo comprovou os fatos.
Não conheci muito o Paulo Renato Figueiredo, mas, no CMRJ, fui muito amigo e da mesma turma do Johnny Figueiredo, um bom amigo, um homem correto e íntegro, como o pai. 
A historinha que se segue é verossímil, confirmada pelos fatos e pelos personagens.  Não houve Copa na época e as obras tinham continuidade.
Inegavelmente, independente do regime, eram outros tempos, outra escala de valores, outras prioridades. 
Só espero que algum imbecil não confunda com saudosismo.  Saudade, sim, tenho como tem saudade quem tenha envelhecido – dos tempos da juventude. 
Mas o que realmente tenho saudade é de gente com consciências acima das conveniências políticas.  Tenho saudades de homens com palavra e conteúdo, não hipócritas só com palavras sem conteúdo, desses que se escondem atrás de mentiras cínicas e deslavadas e a quem só importa acenar para a plateia, correndo atrás de uma consagração sem mérito.
Seus opositores dignos hoje estão decepcionados.  Aquilo que sonharam foi deturpado pela Nova Classe no poder, vulgar, rapace e medíocre.  
O que temos hoje é um vácuo de homens e um excesso de calhordas.
Abração,
JG

Assunto: Figueiredo
e a sede da Copa.

 


 
 RESPOSTA AO AMIGO FLÁVIO
 
Flávio:
De repente, hoje eu comecei a receber uma enxurrada de mensagens mencionando esta história.
Sou, evidentemente, o cara mais suspeito para tecer considerações sobre qualquer matéria que faça juízo de valor a respeito de meu pai, especialmente em atos do seu governo.
Mas sobre este episódio, especificamente, não posso me furtar a lhe dizer, e com certeza absoluta, que o que está relatado é totalmente verdadeiro.
Até porque, veja você, calhou de eu estar presente no mencionado encontro. Tinha acabado de vir do Rio e fui direto para a Granja do Torto ver os meus pais, como eu sempre fazia assim que chegava em Brasília.  Soube que o Velho estava reunido com o Havelange, no gabinete da residência.  Como sempre tivemos com ele uma relação muito cordial, me permiti entrar para cumprimentá-lo e dar-lhe um abraço.
João e João! Esta reunião eu tenho que respeitar!, brinquei irreverente, dele recebendo um carinhoso beijo. (Havelange sempre teve o hábito de beijar os amigos). Ia, logicamente, me retirar, mas papai me deixou à vontade:
Senta aí, estamos falando de futebol, que é coisa que você adora.
Fui logo sacaneando:
Vocês já descobriram um jeito de salvar o Fluminense?
(risos - os dois eram tricolores roxos)
Ainda não, mas vamos chegar lá.  Estamos conversando sobre Copa do Mundo...  Filho, neste momento, o Havelange está me sugerindo realizar a próxima Copa do Mundo no Brasil e eu vou dar uma resposta a ele com o seu testemunho.
Havelange, você conhece uma favela do Rio de Janeiro?  Você conhece a seca do nordeste?  Você conhece os números da pobreza no Brasil?  Com essa realidade, você acha que eu vou gastar dinheiro com estádio de futebol?  Não vou!  E, enfie essa tal de Copa do Mundo no buraco que você quiser, que eu não vou fazer nenhuma coisa destas no Brasil!
O Velho não concordava que o país despendesse quase um bilhão de dólares (valor abissal para os números daquela época) para tentar satisfazer o caderno de encargos da FIFA, principalmente diante do quadro de enorme dificuldade financeira que o Brasil atravessava.  Uma situação cambial dramática, resultante de um aperto histórico na liquidez internacional taxa de juros internacionais de 22% a.a, barril de petróleo a 50 dólares no mercado spot –, agravada pela necessidade de se dar continuidade a um importantíssimo conjunto de obras de infraestrutura.  Muitas delas iniciadas, diga-se de passagem, em governos anteriores, mas que não poderiam ser paralisadas por serem realmente de vital importância para a continuidade do nosso desenvolvimento.
Realmente, era contrastante com o que se fez (ou melhor, o que NÃO se fez) nos governos seguintes: várias hidrelétricas, começando por Itaipu até hoje é a segunda maior do mundo, além de Tucuruí, Balbina, Sobradinho, todas com as suas gigantescas linhas de transmissão; conclusão da expansão de todas as grandes siderúrgicas (CSN, Usiminas, Cosipa e outras que fizeram o Brasil passar de crônico importador para exportador de aço); conclusão das usinas de Angra 1 e 2; um programa agrícola que permitiu que ainda hoje estejamos colhendo os frutos da disparada de produção de grãos, graças à Embrapa, ao programa dos cerrados e ao programa "Plante que o João garante"; um salto formidável nas telecomunicações, até então ridículas; multiplicação da malha rodoviária a mesma, praticamente, na qual hoje ainda rodamos, só que agora sucateada e abandonada; inauguração de dois metrôs: Rio e São Paulo; instalação de vários açudes no sertão nordestino; a construção de 2.400.000 casas populares, mais do que toda a história do BNH até então, e muito mais.
Isto é apenas o que eu me lembro agora, ao aqui escrever rapidamente. Em resumo: naquela época, o dinheiro dos impostos dos brasileiros, simplesmente, destinava-se ao desenvolvimento do país.
Mas, para concluir, já falando do presente: o que se está fazendo com o povo brasileiro é simplesmente criminoso. Só que a roubalheira na construção dos estádios é apenas a ponta do iceberg.
Só chamando um Aiatolá para dar jeito, mesmo.
Grande Abraço,
Paulo Figueiredo
 

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Observações:
 
1 - Paulo Figueiredo é filho do ex-presidente João Figueiredo


2 - Por dever de justiça, é de se ressaltar que o Presidente João Figueiredo morreu pobre. Anos após morreu sua esposa, D. Dulce nas mesmas condições. Seu filho Paulo, hoje, trabalha como qualquer mortal e nunca se teve notícia de qualquer negócio fantástico envolvendo seu nome, nem tampouco que tenha enriquecido no governo do pai.

 
 

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