quinta-feira, 6 de março de 2014

A história do ódio no Brasil

, mano:
Entendo o seu ponto de vista.  Não posso falar por todos, mas posso falar por mim.  Há um erro de conceito, pelo menos no que me diz respeito: não é ódio, é indignação.  E muita indignação. 
Só sofismando muito ou com muita alienação cor-de-rosa não se percebe o que ocorre no Brasil.  Até porque está acontecendo a olhos vistos em boa parte da América Latina.  Quando princípios fundamentais de ética moral e social são sub-reptícia e intencionalmente deturpados, a reação, repito, não tem a ver com ódio, mas com indignação.
Grupos e pessoas com agendas políticas próprias, cooptadas ou compradas usam a liberdade das instituições para subvertê-las.  São como a liana, que cresce à sombra e proteção de uma árvore até que, por fim, termina por succocá-la.
O brasileiro é inseguro como consequência de muitos fatores. 
É refém de tudo: de vícios de criação, de privilégios coloniais (de que todo mundo reclama, mas não perde oportunidade quando se lhe aparece uma “boquinha”...), de leis intencionalmente dúbias, da demagogia barata, sempre propondo soluções simplistas e demagógicas, e até do próprio idioma.  Como não ser inseguro nesse ambiente movediço, nebuloso, incerto, onde nada é permanente e tudo está à venda, inclusive a honra?
A resposta a essa insegurança é tão insegura quanto o ambiente. 
Na ignorância e nos contornos indistintos de instituições, na insinceridade de políticos e nas mentiras crassas dos grupelhos de interesses (na quase totalidade, de interesses escusos), o brasileiro é empurrado para o complexo de inferioridade.  É convencido de que é vítima, um eterno explorado, nada mais que tabula rasa no qual, aí sim, esses grupelhos traçam suas cartilhas de ódios de todos os tipos, do racial à xenofobia.  É a diferença entre “os nós” e “os eles” levada ao extremo da intolerância, avalizada pela ignorância intencionalmente cultivada.
Então, para cúmulo do cinismo, vem esse papo de que quem é contra o atual estado de coisas está estimulando ódios, de que é contra porque não aceita a diminuição das diferenças na distribuição de renda. 
Desculpe, mano, isto é completamente falso. 
É como passar uma sentença sem tribunal baseado em sofismas muito bem engendrados por quem foi treinado exaustivamente para fazer exatamente isto, onde o que menos importa é a verdade. 
Por isto detesto patrulhas.  Principalmente pela proposição descarada de tentar o que fracassou em toda parte, sem um único exemplo de sucesso.  Repito: é muito descaramento propor como solução dos males do Brasil um tipo de regime cujo denominador comum é a falha trágica e fragorosa, o sacrifício de gerações para nada. 
Mas seus propositores não são idiotas.  Muito pelo contrário.  Se são inteligentes e sabem disto, das duas uma: ou, arraigados a suas crenças, ainda acham ser possível fazer dar certo ao sul do Equador, ou têm outro tipo de interesses, neste caso pessoais e inconfessáveis.
Parece que atribuir ao ódio a indignação natural contra os desmandos atuais nada mais é do que outro expediente da retórica desses grupos bem treinados... e assalariados.  Só que eu estou acordado, mano.  E reagirei a todo tipo de patrulha, pode apostar.
Não falo por ninguém.  Falo por mim: não tenho ódio, mas tenho desprezo por quem tem o descaramento de vender altruísmo para esconder instintos e interesses muito mais baixos.
Você, com seu idealismo e experiência de vida, respeito profundamente.  Esclareço-lhe abertamente para que meus pontos de vista não sejam confundidos.  Como seu amigo pessoal, devo isto a você.
Aqui e ali, minha indignação pode ir além da propriedade ou mesmo da educação.  Mas não confunda, por favor, ódio como indignação.  Como cidadão, como Maçom e como homem, tenho pleno direito a ela.  E a insurgir-me contra os que deturpam as coisas para implantar suas teorias, não importa como.
Abração,
JG
 
DDileto Irmão Boareto;
Não esperava menos de vossa lúcida, arguta e ponderada mente. Parabéns pelas excelentes considerações e pela coragem de colocar "o dedo na ferida" de todos nós.
Deixo-lhe a sugestão e proposta de abordarmos a questão em loja, na forma de uma exposição ao quadro geral da UT, feita por vós na data que melhor lhe aprouver. Apenas marque a data que garanto a apresentação.
Vossa presença é extremamente necessária e bem vinda.
TFA
Magalhães.


Em quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014, Boareto Alvaro <boaretomendes@yahoo.com.br> escreveu:
>    Prezados IIr.'.,
>    é triste, mas tenho que admitir ser verdade. Realmente todos nós acabamos nos envolvendo nessa roda de ódio. Na verdade, nós maçons, devemos combater cotidianamente esse vício com a reflexão e tentando incessantemente praticar a tolerância, a solidariedade, respeitar a liberdade alheia para atingirmos a igualdade como IIr.'. em um mundo onde a "luz do Templo irradia sobre todo o Universo, pregando o advento de uma humanidade melhor e mais esclarecida". Este conceito teórico idealístico pregado adequada e insistentemente pela nossa Ordem é a proposição real para nos desviarmos dessa "cultura cíclica do ódio". Todavia, implementá-lo no mundo real realmente é um desafio que, infelizmente, reconheço não estarmos preparado (e eu em especial assumo tristemente minha incopetência).
>    Qual seria a solução? Boa pergunta, para a qual cofesso - mais uma vez infelizmente, não ter uma boa ou adequada resposta. Talvez por isso seja uma boa proposição que todos nós reflitamos e levemos essas reflexões para nosso Templo (onde a luz irradia) de forma recorrente e iterativa. Quem sabe essa insistência (e tem que ser insistentemente - perdôem-me a redundância) não propricie a formação de uma EGREGORA MAIOR    que faça brotar uma "luz no fundo do nosso POÇO EXISTENCIAL". Como maçons temos que estudar incessantemente os problemas da humanidade e propor-lhes soluções pacíficas, logo o ódio não é uma opção!
>
>   Assim, entendo ainda que o estudo individual não nos levará neste momento a lugar algum, pois como indivíduos estamos circuscritos nesse CICLO ODIOSO e, dessa forma, nosso intelecto e alma estão turvados pela maldade! Somente a EGREGORA IRMANADA da Ordem maçônica pode nos iluminar com a sabedoria do Delta Luminoso.
>   Obrigado ao Ir.'. que enviou esta mensagem. Em meu humilde entendimento ele inseriu uma questão de ordem que tem um grande potencial de dar partida a uam real revolução de ordem ideológica.
>    Que o GADU nos ilumine e guarde.
>    Meu sempre forte TFA,
>    Álvaro.
>
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> Em Quinta-feira, 27 de Fevereiro de 2014 20:20, Fernando Magalhães <magallegal@ibest.com.br> escreveu:
> Excepcional texto!
> Parabéns e obrigado pelo envio, Irmão André Luiz.
> Esclarecedor da atual situação que nos envolve e assola, ameaçando o equilibrio e o bom senso de todos; inclusive daqueles que se consideram livres e de bons costumes; justos e perfeitos...
> Leitura obrigatória.
> TFA

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>
> Esta matéria é esclarecedora.
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>> A história do ódio no Brasil
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>> qui, 27/02/2014 - 09:58
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>> Do Gluck Project
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> A história do ódio no Brasil
> por Fred Di Giacomo
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> “Achamos que somos um bando de gente pacífica cercados por pessoas violentas”. A frase que bem define o brasileiro e o ódio no qual estamos imersos é do historiador Leandro Karnal. A ideia de que nós, nossas famílias ou nossa cidade são um poço de civilidade em meio a um país bárbaro é comum no Brasil. O “mito do homem cordial”, costumeiramente mal interpretado, acabou virando o mito do “cidadão de bem amável e simpático”. Pena que isso seja uma mentira. “O homem cordial não pressupõe bondade, mas somente o predomínio dos comportamentos de aparência afetiva”, explica o sociólogo Antônio Cândido. O brasileiro se obriga a ser simpático com os colegas de trabalho, a receber bem a visita indesejada e a oferecer o pedaço do chocolate para o estranho no ônibus. Depois fala mal de todos pelas costas, muito educadamente.
> Olhemos o dicionário: cordial significa referente ou próprio do coração. Ou seja, significa ser mais sentimental e menos racional. Mas o ódio também é um sentimento, assim como o amor.  (Aliás os neurocientistas têm descoberto que ambos sentimentos ativam as mesmas partes do cérebro.) Nós odiamos e amamos com a mesma facilidade. Dizemos que “gostaríamos de morar num país civilizado como a Alemanha ou os Estados Unidos, mas que aqui no Brasil não dá para ser sério.” Queremos resolver tudo num passe de mágica. Se o político é corrupto devemos tirar ele do poder à força, mas se vamos para rua e “fazemos balbúrdia” devemos ser espancados e se somos espancados indevidamente, o policial deve ser morto e assim seguimos nossa espiral de ódio e de comportamentos irracionais, pedindo que “cortem a cabeça dele, cortem a cabeça dele”, como a rainha louca de Alice no País das Maravilhas. Ninguém para 5 segundos para pensar no que fala ou no que comenta na internet. Grita-se muito alto e depois volta-se para a sala para comer o jantar. Pede-se para matar o menor infrator e depois gargalha-se com o humorístico da televisão. Não gostamos de refletir, não gostamos de lembrar em quem votamos na última eleição e não gostamos de procurar a saída que vai demorar mais tempo, mas será mais eficiente. Com escreveu  Sérgio Buarque de Holanda, em “Raízes do Brasil“,  o criador do termo “homem cordial” : “No Brasil, pode dizer-se que só excepcionalmente tivemos um sistema administrativo e um corpo de funcionários puramente dedica­dos a interesses objetivos e fundados nesses interesses. Ao contrário, é possível acompanhar, ao longo de nossa história, o predomínio constante das vontades particulares que encontram seu ambiente pró­prio em círculos fechados e pouco acessíveis a uma ordenação im­pessoal” Ou seja, desde o começo do Brasil todo mundo tem pensando apenas no próprio umbigo e leva as coisas públicas como coisa familiar. Somos uma grande família, onde todos se amam.
>> O já citado Leandro Karnal diz que os livros de história brasileiros nunca usam o termo guerra civil em suas páginas. Preferimos dizer que guerras que duraram 10 anos (como a Farroupilha) foram revoltas. Foram “insurreições”. O termo “guerra civil” nos parece muito “exagerado”, muito “violento” para um povo tão “pacífico”. A verdade é que nunca fomos pacíficos. A história do Brasil é marcada sempre por violência, torturas e conflitos. As decapitações que chocam nos presídios eram moda há séculos e foram aplicadas em praça pública para servir de exemplo nos casos de Tiradentes e Zumbi. As cabeças dos bandidos de Lampião ficaram expostas em museu por anos. Por aqui, achamos que todos os problemas podem ser resolvidos com uma piada ou com uma pedrada. Se o papo informal não funciona devemos “matar” o outro. Duvida? Basta lembrar que por aqui a república foi proclamada por um golpe militar. E que golpes e revoluções “parecem ser a única solução possível para consertar esse país”. A força é a única opção para fazer o outro entender que sua ideia é melhor que a dele? O debate saudável e a democracia parecem ideias muito novas e frágeis para nosso país.
>>
>> Em 30 anos, tivemos um crescimento de cerca de 502% na taxa de homicídios no Brasil. Só em 2012 os homicídios cresceram 8%. A maior parte dos comentários raivosos que se lê e se ouve prega que para resolver esse problema devemos empregar mais violência. Se você não concorda “deve adotar um bandido”. Não existe a possibilidade de ser contra o bandido e contra a violência ao mesmo tempo.  Na minha opinião, primeiro devemos entender a violência e depois --

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