Vácuo de brasilidade
autêntica
Em Bandeiras que contam
histórias, como contei antes, falei da origem das cores de nossas duas
bandeiras nacionais, a imperial e a republicana. Da mesma forma, há uma infinidade de fatos,
eventos e detalhes extremamente interessantes em nossa história, boa parte
deles embutidos em nossas bandeiras, brasões e nos símbolos neles
contidos. Eles bem poderiam servir para
ajudar a construir o acervo de nossa nacionalidade, mas são desconhecidos ou,
pior, ignorados por gente insensível ou com segundas intenções.
O resultado é gente alienada,
cujo imenso potencial de amor à Pátria só encontra expressão quadrienal, por
ocasião da Copa do Mundo. Mesmo assim,
mal orientado, exacerbado pelo massacre de exposição e pelos adjetivos
exagerados dos meios de comunicação, se desvanecem na primeira derrota da
seleção. Mário Filho, Nélson
Rodrigues e João Saldanha que me perdoem, mas “pátria de chuteiras”
é o cacete! Dane-se a Copa. Copa é esporte. Se o esporte é nobre, disputado com fair
play, viva o esporte!
Mas a Copa não é o
Brasil. Você é. Por isto, muito mais ainda, viva o Brasil!
No estímulo artificial,
quando cessa o barulho, cessa de imediato o interesse. “Passemos a outro programa!”
Perdidos na insegurança
Aí, como bons cidadãos mal
formados, voltamos ao dia dia de insegurança, reféns do sistema paquidérmico,
do cipoal de leis e até do próprio idioma!
São milhões de leis que mal
conhecemos (quem pode conhecer milhões de leis?), boa parte obsoletas, outras
irrelevantes, um número enorme, inúteis e muitas delas contraditórias. O essencial, poucos conhecem. O mesmo pode ser dito do idioma, mutilado por
reformas imbecis que nada mais fazem de prático do que declarar obsoleto tudo o
que já foi impresso até sua adoção. Como
se pudéssemos nos dar a esse luxo!
O pior é que essa insegurança
acaba fazendo coro com a ignorância e levando à descrença e ao ceticismo com
relação a tudo que deveria ser tratado com seriedade e reverência. Como consequência, tudo de sensacionalista
que os meios abundantes de comunicação disseminam não tem qualquer
possibilidade de análise crítica.
Querem ver?
Um idiota sedento de fama diz
que os brasileiros praticaram genocídio na guerra da Tríplice Aliança e a imbecilidade
ganha foros de verdade. Claro, nem os ignorantes nem os inseguros – muito
menos os preguiçosos e os complexados – iriam contestar! Ficou anos a fio fazendo danos à nossa
própria imagem até que historiadores sérios demolissem por completo as
inverdades. Mas, como há diferença entre
a manchete caluniosa na mídia e a retratação em letras mínimas, o livrinho
abjeto continua por aí, fazendo estragos.
Outro “entendido” afirma que
a desonestidade é atávica, parte do DNA do brasileiro. Cita apenas os fatos que “comprovam” sua
tese, ignorando todo o resto. Como nem
inseguros nem ignorantes contestam, a conclusão distorcida passa a fazer parte
do conjunto de meias verdades ou mentiras descaradas que compõem o pacote de
desprezo pelo Brasil e as coisas brasileiras.
Para o inseguro, o ignorante, o preguiçoso e o complexado, é mais fácil
aceitar que simplesmente não prestamos.
Então, malandro, como “farinha pouca, meu pirão primeiro”, me dá o
meu...
Isso é o que chamo de
helicoidal descendente. O destino final
dessa brasilidade corroída é a lama.
Interrompendo a helicoidal
descendente
Qualquer garotinho americano
sabe que Betsy Ross, uma costureira, coseu a primeira bandeira
americana, a pedido de George Washington. Irrelevante?
Não, absolutamente não! Muito ao
contrário, é um tijolinho na construção do acervo da nacionalidade. Dizem os educadores que o blueprint –
o projeto, o fundamento – do que seremos no futuro é realizado até os dez
anos.
– Ah, o brasileiro não é
patriota!
Já ouvi essa afirmativa mil
vezes e briguei mil vezes por causa dela.
Asneira! Besteira!
Imbecilidade! O amor à pátria tem
que ser ensinado na infância e estimulado sempre. Somos Maçons.
A Bandeira Nacional está em todos os templos, não está? Algumas vezes por ano, ela recebe algum
destaque e até uma oração em seu louvor.
Pois é, mas no Rito de York esse culto é ainda mais constante: você
renova seu compromisso de lealdade à Bandeira a cada sessão. Na tradução do ritual da Grande Loja de
Nova York para o português, foi reproduzida a estrofe do Hino à Bandeira,
do imortal Olavo Bilac:
– Juro fidelidade à minha
Bandeira. “Que nos momentos de festa ou
de dor, paire sempre a sagrada bandeira, pavilhão da justiça e do amor”.
Exagero? Não.
Mais um tijolinho do templo do culto à nacionalidade, que pode ser
enriquecido quando apreciamos uma incrível coincidência histórica. Deixemos que o livro fale.
“... um evento significativo,
relegado pela maioria ao esquecimento, aconteceu em 1º de novembro de
1822. Em cerimônia na capela imperial, D.
Pedro I entregou o Pavilhão nacional, recém-criado, ao nosso primeiro
porta-bandeira, o tenente Luís Alves de Lima e Silva, futuro duque de
Caxias e patrono do Exército.
Justiça poética, que aquele que seria o maior dos avalistas de nossa
integridade territorial, fosse o primeiro brasileiro a ter nas mãos a bandeira
do Império do Brasil. Estranhamente
profético!”
Como eu disse, nossa história
é fascinante, no todo e nos detalhes.
Como na história de todos os países, há acertos e erros. Você, como Maçom, tem que saber uma verdade:
quando você fala em qualquer lugar, se sabem sua condição de Maçom, então não
tem jeito: a Maçonaria fala pela sua boca.
Então, meu Irmão, você tem que assumir a condição de porta-voz e
preparar-se para tal.
E, se me permite o comercial,
Bandeiras que contam histórias pode contribuir muito!
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