quinta-feira, 1 de maio de 2014

O primeiro porta-bandeira



Vácuo de brasilidade autêntica
Em Bandeiras que contam histórias, como contei antes, falei da origem das cores de nossas duas bandeiras nacionais, a imperial e a republicana.  Da mesma forma, há uma infinidade de fatos, eventos e detalhes extremamente interessantes em nossa história, boa parte deles embutidos em nossas bandeiras, brasões e nos símbolos neles contidos.  Eles bem poderiam servir para ajudar a construir o acervo de nossa nacionalidade, mas são desconhecidos ou, pior, ignorados por gente insensível ou com segundas intenções. 
O resultado é gente alienada, cujo imenso potencial de amor à Pátria só encontra expressão quadrienal, por ocasião da Copa do Mundo.  Mesmo assim, mal orientado, exacerbado pelo massacre de exposição e pelos adjetivos exagerados dos meios de comunicação, se desvanecem na primeira derrota da seleção.  Mário Filho, Nélson Rodrigues e João Saldanha que me perdoem, mas “pátria de chuteiras” é o cacete!  Dane-se a Copa.  Copa é esporte.  Se o esporte é nobre, disputado com fair play, viva o esporte!
Mas a Copa não é o Brasil.  Você é.  Por isto, muito mais ainda, viva o Brasil!
No estímulo artificial, quando cessa o barulho, cessa de imediato o interesse.  “Passemos a outro programa!”


Perdidos na insegurança
Aí, como bons cidadãos mal formados, voltamos ao dia dia de insegurança, reféns do sistema paquidérmico, do cipoal de leis e até do próprio idioma!
São milhões de leis que mal conhecemos (quem pode conhecer milhões de leis?), boa parte obsoletas, outras irrelevantes, um número enorme, inúteis e muitas delas contraditórias.  O essencial, poucos conhecem.  O mesmo pode ser dito do idioma, mutilado por reformas imbecis que nada mais fazem de prático do que declarar obsoleto tudo o que já foi impresso até sua adoção.  Como se pudéssemos nos dar a esse luxo!
O pior é que essa insegurança acaba fazendo coro com a ignorância e levando à descrença e ao ceticismo com relação a tudo que deveria ser tratado com seriedade e reverência.  Como consequência, tudo de sensacionalista que os meios abundantes de comunicação disseminam não tem qualquer possibilidade de análise crítica. 
Querem ver?
Um idiota sedento de fama diz que os brasileiros praticaram genocídio na guerra da Tríplice Aliança e a imbecilidade ganha foros de verdade.  Claro,  nem os ignorantes nem os inseguros – muito menos os preguiçosos e os complexados – iriam contestar!   Ficou anos a fio fazendo danos à nossa própria imagem até que historiadores sérios demolissem por completo as inverdades.  Mas, como há diferença entre a manchete caluniosa na mídia e a retratação em letras mínimas, o livrinho abjeto continua por aí, fazendo estragos. 
Outro “entendido” afirma que a desonestidade é atávica, parte do DNA do brasileiro.  Cita apenas os fatos que “comprovam” sua tese, ignorando todo o resto.  Como nem inseguros nem ignorantes contestam, a conclusão distorcida passa a fazer parte do conjunto de meias verdades ou mentiras descaradas que compõem o pacote de desprezo pelo Brasil e as coisas brasileiras.  Para o inseguro, o ignorante, o preguiçoso e o complexado, é mais fácil aceitar que simplesmente não prestamos.  Então, malandro, como “farinha pouca, meu pirão primeiro”, me dá o meu...
Isso é o que chamo de helicoidal descendente.  O destino final dessa brasilidade corroída é a lama.


Interrompendo a helicoidal descendente
Qualquer garotinho americano sabe que Betsy Ross, uma costureira, coseu a primeira bandeira americana, a pedido de George Washington.  Irrelevante?  Não, absolutamente não!  Muito ao contrário, é um tijolinho na construção do acervo da nacionalidade.  Dizem os educadores que o blueprint – o projeto, o fundamento – do que seremos no futuro é realizado até os dez anos. 
Ah, o brasileiro não é patriota!
Já ouvi essa afirmativa mil vezes e briguei mil vezes por causa dela. 
Asneira!  Besteira!  Imbecilidade!  O amor à pátria tem que ser ensinado na infância e estimulado sempre.  Somos Maçons.  A Bandeira Nacional está em todos os templos, não está?  Algumas vezes por ano, ela recebe algum destaque e até uma oração em seu louvor.  Pois é, mas no Rito de York esse culto é ainda mais constante: você renova seu compromisso de lealdade à Bandeira a cada sessão.  Na tradução do ritual da Grande Loja de Nova York para o português, foi reproduzida a estrofe do Hino à Bandeira, do imortal Olavo Bilac:
Juro fidelidade à minha Bandeira.  “Que nos momentos de festa ou de dor, paire sempre a sagrada bandeira, pavilhão da justiça e do amor”.
Exagero?  Não.  Mais um tijolinho do templo do culto à nacionalidade, que pode ser enriquecido quando apreciamos uma incrível coincidência histórica.  Deixemos que o livro fale.
“... um evento significativo, relegado pela maioria ao esquecimento, aconteceu em 1º de novembro de 1822.  Em cerimônia na capela imperial, D. Pedro I entregou o Pavilhão nacional, recém-criado, ao nosso primeiro porta-bandeira, o tenente Luís Alves de Lima e Silva, futuro duque de Caxias e patrono do Exército.  Justiça poética, que aquele que seria o maior dos avalistas de nossa integridade territorial, fosse o primeiro brasileiro a ter nas mãos a bandeira do Império do Brasil.  Estranhamente profético!”
Como eu disse, nossa história é fascinante, no todo e nos detalhes.  Como na história de todos os países, há acertos e erros.  Você, como Maçom, tem que saber uma verdade: quando você fala em qualquer lugar, se sabem sua condição de Maçom, então não tem jeito: a Maçonaria fala pela sua boca.  Então, meu Irmão, você tem que assumir a condição de porta-voz e preparar-se para tal.
E, se me permite o comercial, Bandeiras que contam histórias pode contribuir muito!

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