domingo, 4 de maio de 2014

GOSTAR DO BRASIL ESTÁ FORA DE MODA?

Pelo que a gente vê por aí, gostar do Brasil talvez esteja fora de moda. 
Porém, se você ainda gosta, aqui estão alguns motivos para confirmar seu amor. 
Se não gosta, talvez venha a gostar se conhecer melhor seus símbolos.

O Brasil tem histórias incríveis, que a maioria dos brasileiros cada vez conhece menos. 
Conheça, contadas com bom humor:

•  as bandeiras históricas que tremularam no Brasil e em Portugal (até 1822);
•  os símbolos das Forças Armadas e as e as insígnias de aviões e carros de combate;
•  as bandeiras e brasões de todos os estados brasileiros, em novíssimas ilustrações;
•  as bandeiras de todos os países lusófonos
Para completar, há ainda muito mais em centenas de ilustrações cuja preparação exigiu anos de pesquisa e trabalho intenso de ilustração, incluindo os brasões de cada um dos estados brasileiros, redesenhados com nitidez e correção.
Você sabia, por exemplo...
… que a Bandeira do Brasil foi a primeira a homenagear a mulher?
… que a Bandeira Imperial foi criada por um francês e o Brasão da República, por um alemão?
… que o Brasil pode ser chamado, com justiça, de país Templário?
… que uma bandeira nacional brasileira já tremulou com uma estrela vermelha?
… que o primeiro a segurar a primeira Bandeira Nacional Brasileira seria o maior responsável pela consolidação territorial do Brasil?
Somente R$ 45,00, mais o frete.
 

O VERDE E O AMARELO



Um livro do Irmão Harry Mendoza, Past Master da Loja Quattuor Coronati Nº 2076, tem um título interessante: Serendipity.  Não há em português uma palavra que corresponda a esta.  Segundo o Cambridge Dictionary, é o fato de encontrar algo interessante ou valioso por acaso.   Uma pena, porque ela define exatamente a sensação que senti diversas vezes ao pesquisar nossa história para escrever Bandeiras que contam histórias.
Sempre gostei de história.  Até hoje não consigo entender como é possível encará-la como uma entediante sucessão de datas, fatos e nomes, como se fossem coisas desconectadas umas das outras, que só se consegue dominar pela decoreba e da qual logo se esquece.  Que desperdício!  Que oportunidade perdida de estabelecer as conexões que a tornam inteligível...
Tudo começou quando preparei a edição de O Livro dos Dias para o ano de 2000.  Para celebrar os quinhentos anos do descobrimento, resolvi falar das bandeiras históricas brasileiras.  Claro, tive que pesquisar muito, recolhendo dados, datas e fatos das fontes mais diversas, verificando, comparando, tentando separar o joio do trigo para apresentar a informação e as ilustrações de forma correta.  Vocês nem imaginam quanta tolice se diz por aí!  A edição foi um sucesso. 
Um Irmão e amigo, José Carlos Meneghetti, diretor da Zit Editora, sugeriu que o texto fosse transformado em um livro.  Ainda que modesto, a edição original de Bandeiras que contam histórias me trouxe grandes alegrias e muitas surpresas.  Hoje, Bandeiras que contam histórias tem sua segunda edição, mais robusta, mais colorida, mais abrangente, incluindo também as bandeiras e os brasões dos estados brasileiros, que me custaram um ano e meio de trabalho para ilustrar.
Mas não estou escrevendo este artigo para falar de mim, mas das coisas interessantes que descobri
ao longo das pesquisas para escrever e ilustrar.  Coisas que a grande maioria dos brasileiros ignora e, com isto, perdem a chance de serem mais brasileiros...

A primeira bandeira a homenagear a mulher
Um dia, recebi uma ligação de uma professora gaúcha.  Indignada com o que escrevi no livro, ela queria saber de onde eu tirara aquela história de que as cores de nossa bandeira imperial tinham a ver com nosso primeiro casal imperial.  Ela sempre soube que o verde vinha “das matas” e o amarelo, das “riquezas minerais”, ora!  Tive que explicar, é claro.  Foi o próprio D. Pedro que determinou nossas cores: “verde de primavera e amarello d'ouro”.  Verde por que era a cor da casa de Bragança e amarelo que era a cor da casa dos Habsburgos, a qual pertencia a princesa Leopoldina.  A tonalidade de “primavera” para o verde veio como analogia ao país que se criava.  Muito romântico, não?
Bem, e a tal história de verde “das matas” e do amarelo “das riquezas minerais”? 
Simples.  Do dia 14 para o dia 15 de novembro, o “brasileiro dormiu em uma monarquia e acordou em uma república”.  A República foi um golpe branco, palaciano, sem qualquer participação popular.  Em 1917, a família imperial russa foi chacinada pelos bolcheviques.  Mas não apenas esta não era nossa índole como, se os conspiradores tivessem tocado no velho imperador, teriam que encarar a ira do povo.  Prova disso é que por mais de 20 anos o Brasil se viu às voltas com guerras civis.  Então, exilou-se a Família Real. 
Ora, se não se matou o imperador, mate-se a memória!  Foi assim que o verde deixou de ser Bragança para ser “das matas” e o amarelo deixou de ser Habsburgo para ser “das riquezas minerais”...

Aliás, esse assassinato proposital da memória continuaria mesmo que o retorno do regime monárquico fosse proibido como cláusula pétrea nas constituições.  Desvalorizar o passado e apagar a memória passou a ser uma atitude nacional.  Os artistas da Semana da Arte Moderna, em 1922, não escracharam a arte existente para promoção da deles?  Não menosprezaram Carlos Gomes como compositor italiano de segunda?  E para quê?  Para impor seu modelo.  Exatamente o fenômeno que vemos agora, só que muito mais grave, mais insidiosa.  Como explicar a passividade geral ante as distorções e mentiras facciosas que “adornam” a história atualmente ensinada nas escolas se não pelo costume que se arraigou de avilar e desprezar o passado?
Mas uma coisa é certa: ao criar a Bandeira Imperial, o artista francês Jean-Baptiste Debret fez dela a primeira no mundo a homenagear a mulher.
Realmente, nossa história tem muito a contar!

quinta-feira, 1 de maio de 2014

O primeiro porta-bandeira



Vácuo de brasilidade autêntica
Em Bandeiras que contam histórias, como contei antes, falei da origem das cores de nossas duas bandeiras nacionais, a imperial e a republicana.  Da mesma forma, há uma infinidade de fatos, eventos e detalhes extremamente interessantes em nossa história, boa parte deles embutidos em nossas bandeiras, brasões e nos símbolos neles contidos.  Eles bem poderiam servir para ajudar a construir o acervo de nossa nacionalidade, mas são desconhecidos ou, pior, ignorados por gente insensível ou com segundas intenções. 
O resultado é gente alienada, cujo imenso potencial de amor à Pátria só encontra expressão quadrienal, por ocasião da Copa do Mundo.  Mesmo assim, mal orientado, exacerbado pelo massacre de exposição e pelos adjetivos exagerados dos meios de comunicação, se desvanecem na primeira derrota da seleção.  Mário Filho, Nélson Rodrigues e João Saldanha que me perdoem, mas “pátria de chuteiras” é o cacete!  Dane-se a Copa.  Copa é esporte.  Se o esporte é nobre, disputado com fair play, viva o esporte!
Mas a Copa não é o Brasil.  Você é.  Por isto, muito mais ainda, viva o Brasil!
No estímulo artificial, quando cessa o barulho, cessa de imediato o interesse.  “Passemos a outro programa!”


Perdidos na insegurança
Aí, como bons cidadãos mal formados, voltamos ao dia dia de insegurança, reféns do sistema paquidérmico, do cipoal de leis e até do próprio idioma!
São milhões de leis que mal conhecemos (quem pode conhecer milhões de leis?), boa parte obsoletas, outras irrelevantes, um número enorme, inúteis e muitas delas contraditórias.  O essencial, poucos conhecem.  O mesmo pode ser dito do idioma, mutilado por reformas imbecis que nada mais fazem de prático do que declarar obsoleto tudo o que já foi impresso até sua adoção.  Como se pudéssemos nos dar a esse luxo!
O pior é que essa insegurança acaba fazendo coro com a ignorância e levando à descrença e ao ceticismo com relação a tudo que deveria ser tratado com seriedade e reverência.  Como consequência, tudo de sensacionalista que os meios abundantes de comunicação disseminam não tem qualquer possibilidade de análise crítica. 
Querem ver?
Um idiota sedento de fama diz que os brasileiros praticaram genocídio na guerra da Tríplice Aliança e a imbecilidade ganha foros de verdade.  Claro,  nem os ignorantes nem os inseguros – muito menos os preguiçosos e os complexados – iriam contestar!   Ficou anos a fio fazendo danos à nossa própria imagem até que historiadores sérios demolissem por completo as inverdades.  Mas, como há diferença entre a manchete caluniosa na mídia e a retratação em letras mínimas, o livrinho abjeto continua por aí, fazendo estragos. 
Outro “entendido” afirma que a desonestidade é atávica, parte do DNA do brasileiro.  Cita apenas os fatos que “comprovam” sua tese, ignorando todo o resto.  Como nem inseguros nem ignorantes contestam, a conclusão distorcida passa a fazer parte do conjunto de meias verdades ou mentiras descaradas que compõem o pacote de desprezo pelo Brasil e as coisas brasileiras.  Para o inseguro, o ignorante, o preguiçoso e o complexado, é mais fácil aceitar que simplesmente não prestamos.  Então, malandro, como “farinha pouca, meu pirão primeiro”, me dá o meu...
Isso é o que chamo de helicoidal descendente.  O destino final dessa brasilidade corroída é a lama.


Interrompendo a helicoidal descendente
Qualquer garotinho americano sabe que Betsy Ross, uma costureira, coseu a primeira bandeira americana, a pedido de George Washington.  Irrelevante?  Não, absolutamente não!  Muito ao contrário, é um tijolinho na construção do acervo da nacionalidade.  Dizem os educadores que o blueprint – o projeto, o fundamento – do que seremos no futuro é realizado até os dez anos. 
Ah, o brasileiro não é patriota!
Já ouvi essa afirmativa mil vezes e briguei mil vezes por causa dela. 
Asneira!  Besteira!  Imbecilidade!  O amor à pátria tem que ser ensinado na infância e estimulado sempre.  Somos Maçons.  A Bandeira Nacional está em todos os templos, não está?  Algumas vezes por ano, ela recebe algum destaque e até uma oração em seu louvor.  Pois é, mas no Rito de York esse culto é ainda mais constante: você renova seu compromisso de lealdade à Bandeira a cada sessão.  Na tradução do ritual da Grande Loja de Nova York para o português, foi reproduzida a estrofe do Hino à Bandeira, do imortal Olavo Bilac:
Juro fidelidade à minha Bandeira.  “Que nos momentos de festa ou de dor, paire sempre a sagrada bandeira, pavilhão da justiça e do amor”.
Exagero?  Não.  Mais um tijolinho do templo do culto à nacionalidade, que pode ser enriquecido quando apreciamos uma incrível coincidência histórica.  Deixemos que o livro fale.
“... um evento significativo, relegado pela maioria ao esquecimento, aconteceu em 1º de novembro de 1822.  Em cerimônia na capela imperial, D. Pedro I entregou o Pavilhão nacional, recém-criado, ao nosso primeiro porta-bandeira, o tenente Luís Alves de Lima e Silva, futuro duque de Caxias e patrono do Exército.  Justiça poética, que aquele que seria o maior dos avalistas de nossa integridade territorial, fosse o primeiro brasileiro a ter nas mãos a bandeira do Império do Brasil.  Estranhamente profético!”
Como eu disse, nossa história é fascinante, no todo e nos detalhes.  Como na história de todos os países, há acertos e erros.  Você, como Maçom, tem que saber uma verdade: quando você fala em qualquer lugar, se sabem sua condição de Maçom, então não tem jeito: a Maçonaria fala pela sua boca.  Então, meu Irmão, você tem que assumir a condição de porta-voz e preparar-se para tal.
E, se me permite o comercial, Bandeiras que contam histórias pode contribuir muito!