domingo, 6 de abril de 2014

Eu ajudei a destruir o Rio de Janeiro

Pois é.  A verdade dói.
Eu acompanhei essa degradação de perto, mano Otávio.  Vi o tecido social se degradar com isto e por isto.  E me vira o estômago a hipocrisia dos mesmos personagens virem a público como se ilibados fossem, como se não tivessem nada com isto.
Um grande abraço,
JG
 

 
"Dize-me com quem andas e eu te direi se vou contigo". (Barão de Itararé).
 
Que a mídia, os artistas e os intelectuais que tanto se drogaram
nas três últimas décadas venham a público assumir:
Eu ajudei a destruir o Rio de Janeiro
Façam um adesivo e preguem no vidro de seus Audis, BMWs e Mercedes
 
 
É irônico que a classe artística e a categoria dos jornalistas estejam agora na vanguarda da atual campanha contra a violência enfrentada pelo Rio de Janeiro. Essa postura é produto do absoluto cinismo de muitas das pessoas e instituições que vemos participando de atos, fazendo declarações e defendendo o fim do poder paralelo dos chefões do tráfico de drogas.
Que cinismo desses jornalistas, artistas e intelectuais ao defenderem o fim do poder paralelo dos chefes do tráfico de drogas!
Desafiamos a todos que tanto se drogaram nas últimas décadas, que venham a público assumirem a parte que lhes cabem quando na destruição da Cidade Maravilhosa.
Quando a cocaína começou a se infiltrar de fato no Rio de Janeiro, lá pelo fim da década de 70, entrou pela porta da frente.  Pela classe média, pelas festinhas de embalo da Zona Sul, pelas danceterias, pelos barzinhos de Ipanema e Leblon.  Invadiu e se instalou nas redações de jornais e nas emissoras de TV, sob o silêncio comprometedor de suas chefias e diretorias.
Quanto mais glamoroso o ambiente, quanto mais supostamente intelectualizado o grupo, mais você podia encontrar gente cheirando carreiras e carreiras do pó branco.  Em uma espúria relação de cumplicidade, imprensa e classe artística (que tanto se orgulham de serem, ambas, formadoras de opinião) de fato contribuíram enormemente para que o consumo das drogas, em especial da cocaína, se disseminasse no seio da sociedade carioca – e brasileira, por extensão.  Achavam o máximo; era, como se costumava dizer, um barato.
Festa sem cocaína era festa careta.  As pessoas curtiam a comodidade proporcionada pelos fornecedores: entregavam a droga em casa, sem a necessidade de inconvenientes viagens ao decaído mundo dos morros, vizinhos aos edifícios ricos do asfalto.
Nem é preciso detalhar como essa simples relação econômica de mercado terminou.  Onde há demanda, deve haver a necessária oferta.  E assim, com tanta gente endinheirada disposta a cheirar ou injetar sua dose diária de cocaína, os pés-de-chinelo das favelas viraram barões das drogas.
Há farta literatura mostrando como as conexões dos meliantes rastaquera, que só fumavam um baseado aqui e acolá, se tornaram senhores de um império, tomaram de assalto a mais linda cidade do país e agora cortam cabeças de quem ousa lhes cruzar o caminho e as exibem em bandejas, certos da impunidade.
Qualquer mentecapto sabe que não pode persistir um sistema jurídico em que é proibida e reprimida a produção e venda da droga, porém seu consumo é, digamos assim, tolerado.  São doentes os que consomem.  Não sabem o que fazem.  Não têm controle sobre seus atos.  Destroem famílias, arrasam lares, destroçam futuros.
Que a mídia, os artistas e os intelectuais que tanto se drogaram nas três últimas décadas venham a público assumir: "Eu ajudei a destruir o Rio de Janeiro". Façam um adesivo e preguem no vidro de seus Audis, BMWs e Mercedes.
Poderia citar nomes que estão até nas novelinhas atuais da Rede Bobo, mas recordo-me particularmente de entrevista de Nelson Mota, celebre personagem  de nossa esfera musical, atualmente rico e residindo em New York,  algo do tipo :
Þ    “ nos tempos da bossa nova, acordávamos lá pelas dezoito horas e íamos para o Beco da Garrafas ou ao Cabral onde nos encontrávamos e de onde saiamos com destino a casa do poetinha (Vinicius) onde queimávamos uns baseados e compúnhamos ao piano por toda a madrugada" ...
Þ    o que dizer de Dona Neuzinha Brizola, de triste memória, detida seguidas vezes com trouxinhas de seu consumo nos aeroportos do RJ e que reservava semanalmente e promovia sua "ROCKONHA" nos recintos do Edifício Menezes Cortes, isto durante o governo do seu pai, Leonel Brizola, quem sabe estartando ali o período de impunidade aos distribuidores da erva e da cocaína.                
Þ    e o Lobão que de certa feita declarou-se consumidor de drogas e disse que o Brasil era um País retrógrado e hipócrita e que deveria liberar o consumo de diversos tipos de narcóticos a exemplo da Holanda, aliás onde deveria ter nascido.
Þ    e o que dizer do declarado consumidor Caetano, este ícone da viadagem musical que compôs Menino do Rio para um jovem surfista por quem disse ter se apaixonado e que certa vez declarou n’O Pasquim que bastava sair as ruas  para ter desejo e apaixonar-se  por um homem ou uma mulher tanto faz...
Sem querer ser palmatória do mundo, pois isto sempre existiu e, certamente, existirá, só que os praticantes eram recatados e a imprensa e a mídia não se valia da divulgação desses atos para projetá-los e assim vender revistas e discos, peço que reflitam sobre o tanto de jovens que lendo mensagens dessas pessoas (ídolos e formadores de opinião) podem ter sido influenciados e que hoje estão enterrados como o Cazuza e o Renato Russo ou penando para deixar as drogas e reconstituir os neurônios como o Fábio Assunção, da Rede Bobo que recentemente deixou o set de gravação da novela se declarando "incapacitado para o trabalho", não tem, talvez, capacidade de concentração, apesar de longos meses de tratamento descondicionante e desintoxicante no EUA.
    ATT.

<Vieira&Vieira>

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